Vocês também andam com um baita bode de ler textos por aí? Me refiro, em especial, às redes sociais.
Parece que a maior parte das pessoas foi possuída pelo ChatGPT e que agora todo mundo escreve do mesmo jeito. As palavras atravessar, sensível, profundo, potência, têm me dado calafrios. A fórmula do “não é sobre x, mas é sobre y” tem me feito parar de ler seja lá o que for na horinha.
Eu acho que estou exagerando, mas é maior do que eu. Cada vez mais gosto de ler os meus livros, cada vez mais sigo apegada a escritores que, de fato têm uma causa com a escrita em si – e não com os algoritmos, likes e entregas das redes sociais.
Vejam, eu adoro redes sociais, muito me interessa que os algoritmos gostem do que eu escrevo e longe de mim dispensar likes. Mas isso precisa ser a consequência do trabalho, e não a causa! A não ser que você que está me lendo agora, seja uma inteligência artificial ou tenha se tornado uma com nosso ritmo frenético de vida e produtividade. Não duvido.
Acho que eu já escrevi isso em alguma newsletter e devo ter dito em 2 ou 3 palestras por aí, mas vou repetir, porque essa sensação em mim aumenta cada vez mais.
A gente tem se perguntado para onde o mundo vai com as IA’s, o que será de nós, quando e se seremos substituídos etc; mas o que me preocupa é o contrário: Como fazer para que EU mesma não me torne uma inteligência artificial? Se vocês quiserem essa noia emprestada, fiquem à vontade, podem pegar aqui.
Com tanto conteúdo mastigadinho para a gente, nas redes sociais, nas entregas das IA’s, nas opiniões tão bem formadas dos nossos influencers preferidos de tudo que é área... para que precisamos pensar? Deuzolivre pensar, né, deuzolivre a gente não se identificar com o discurso do outro, deuzolivre eu não achar alguém pra dizer por mim o que eu penso, como o mundo devia ser, no que eu acredito.
Eu nunca me senti muito encaixada no mundo e cada vez mais acho isso interessante, o que tem como efeitos me fazer escrever um livro chamado “A gente mira no amor e acerta na solidão” sem que isso seja o anúncio de um desastre, por exemplo rs. Outro efeito é que, corriqueiramente, eu tenha gente ao meu redor que é bem diferente de mim e que isso não seja algo que me horrorize. Tem como efeitos também que eu não tenha interesse em substituir um humano por um robô, mesmo podendo me beneficiar dos robôs. Bom, ao menos tem sido assim, por enquanto.
Eu já pedi pro ChatGPT escrever coisas para mim, já pedi inclusive para que ele escrevesse tentando imitar meu estilo de escrita – e fiquei bem feliz porque achei bem ruim o que ele escreveu como se fosse eu. Mas isso não quer dizer nada, não é nada incomum eu ler algo que eu escrevi e achar bem ruim. Eu não sou uma leitora muito generosa com a escritora que eu sou.
Sabem por que eu escrevo? Porque eu gosto de escrever. Nem sempre gosto de me ler. Nem sempre mostro a alguém o que escrevi. Mas eu sempre gosto de escrever. Mesmo quando não gosto do que escrevi. E isso não há robô, ao menos por enquanto, que possa substituir. O prazer que tenho de escrever.
Por falar nisso, vou emendar aqui um convite pro minicurso de escrita e psicanálise que vou fazer no próximo domingo, dia 29 de junho, das 09h às 12h. As inscrições estão abertas e já não temos muitas vagas, então se você quiser e puder vir, se agilize e se inscreva aqui. A gente vai falar de escrita e de psicanálise (porque não sei falar de nada nesse mundo sem psicanálise), vamos fazer também um exercício de escrita e vamos ter espaço para interações. Vai ser pelo Zoom e vai ser lindo, eu tenho certeza – e olha que tenho pouquíssimas certezas nessa vida.
Notícias sobre os meus trabalhos:
Tem 2 episódios do podcast “Bom dia obvious” que fiz com Christian Dunker:
Mês que vem (provavelmente na primeira quinzena) abriremos as inscrições pro próximo ciclo do Lendo Freud hoje (spoiler especial para vocês: o tema será “pulsões”. Vamos estudar o livro do Freud “as pulsões e seus destinos” e o 1° capítulo do 1° volume do livro do Marco Antônio Coutinho Jorge, que se chama “Pulsão e falta: o Real”.)
Também no mês que vem (provavelmente na segunda quinzena) abriremos as inscrições pra próxima edição do Clube de Palavras (outro spoiler especial para vocês: o tema será “romances de Clarice Lispector”. Vamos ler 3 romances dela, estudar 3 textos de teoria psicanalítica, assistir 3 filmes e fazer um bem bolado disso tudo com aulas gravadas e encontros ao vivo pelo Zoom.
Dia 13 de agosto tem palestra minha do “Não pise no meu vazio” no Rio de Janeiro. Estamos nos últimos ingressos disponíveis.
Dia 24 de agosto vou dar uma palestra em Garibaldi, interior do RS. Ainda tem ingressos também!
Dia 04 de outubro tem palestra minha do “Não pise no meu vazio” em Belo Horizonte.
É isso aí, minha gente, espero ver algumas e alguns de vocês nesse domingo! Beijos.
em algum momento dessa semana, entrei na nóia de que a minha inteligência é artificial. não necessariamente artificial como a do chatgpt ou semelhantes, como o deepseek (embora eu use bastante durante a semana, tanto no trabalho quanto em questões ou dúvidas pessoais), mas falo mesmo sobre achar que a minha inteligência tem se limitado ao superficial. perco muitas palavras da mente, os adjetivos, os verbos, os significados. acho que parte disso é porque sou geração z, sou distraída e uso muito as redes sociais. tenho tentado fazer com que isso deixe de me impedir de acessar minha inteligência humana, e ando tentando me aprofundar nos meus temas de interesse. é a minha tentativa de não me perder nesse mundão.
Uso bastante a inteligência artificial. Uso principalmente a procura tradicional do Google para obter resultados da IA para perguntas profissionais ou educacionais corriqueiras e acho bem útil. Também usei muito para corrigir textos e fazer pesquisa. Me baseei muito nas respostas da IA para começar a escrever. Nesse sentido, creio que tenha absorvido muito dessas tecnologias para escrever e para ter a coragem de escrever e me comunicar, mas, ainda assim, encontrei minha originalidade com esse processo. Não me considero, por isso, uma inteligência artificial, até porque, antes da IA, as pessoas costumavam se comparar umas com as outras e isso dificultava a busca por uma voz própria.
O futuro, no entanto, é incerto, porque a IA ainda deve evoluir MUITO em qualidade e capacidade, e ainda temos que ver as consequências dessa mudança. Tud9 pode acontecer, inclusive nada.